Anatexia em geologia refere-se ao derretimento diferencial ou parcial de rochas, especialmente na formação de rochas metamórficas, como migmatitos.
O granito apresenta diversas origens: ele pode ser o produto mais diferenciado da cristalização fracionada de um magma do manto, assim como provir da fusão da litosfera continental. O último termo do metamorfismo da litosfera continental é um limite que separa as rochas metamórficas (fácies granulitas) das rochas graníticas ou migmatíticas.
Processo metamórfico resultante de temperaturas elevadas, desenvolvido a grandes profundidades, na crosta terrestre
Dos migmatitos aos granitos de anatexia
Na litosfera continental, durante seu soterramento, as rochas atingem tais condições termodinâmicas que atravessam o Solidus do granito. As condições dessa fusão ocorrem num trajeto PTt de pressão média e temperatura alta. A fusão das rochas é facilitada pela água e começa em torno de 680 °C.
Diagrama PT e posição do limite da anatexia (Imagem retirada do livro 82 resumos geológicos. Todos os direitos reservados à Oficina de Textos)
O líquido formado é extraído e injetado em diapiros na rocha encaixante não transformada, ou então, o mais frequente, é cristalizado no local, formando montes concordantes de grande porte ou, ainda, montes difusos com enclaves da encaixante mais ou menos transformada, que passa sem contato claro com migmatitos.
Os migmatitos são rochas nas quais se reconhece uma trama metamórfica (paleossoma) com porção recém-formada de granito (neossoma). Leitos de material supramicáceo refratário, o melanossomo, rodeiam lentes de minerais quartzo-feldspáticos (leucossoma).
Essas rochas passam progressivamente a granitos leucocráticos, os granitos de anatexia, os quais tem paragêneses semelhantes às das rochas encaixantes, com a presença de minerais como a cordierita (Si5Al4O18) (FeMg)2 ou a silimanita (Al2SiO5).
A relação isotópica 87Sr/86Sr dos granitos da anatexia é superior a 0,710, enquanto a razão 87Sr/86Sr se aproxima de 0,702. É o caso dos granitos de origem no manto, o que permite diferenciá-los. Grosso modo, há três tipos de contextos de anatexia:
- zonas orogênicas, nas quais o fraturamento pós-colisão, ligado a um processo tracional, facilita a ascensão de líquidos graníticos;
- zona de subducção: a litosfera continental hidratada, submetida a contatos anormais, libera fluidos necessários à fusão das rochas;
- zona de distensão com o afinamento da crosta (rifte).
Modalização da anatexia
Experimentalmente, qualquer que seja o material vulcano-sedimentar considerado (com Na, Si, K e Ca), ao aumentar P e T, in fine obtém-se um líquido de composição granítica parecida com M. Na verdade, as primeiras gotas do líquido têm a composição eutéctica. A fusão continua, formando um líquido silicatado de composição granítica.
Diagrama ternário – cristalização de um granito de anatexia 2 (Imagem retirada do livro 82 resumos geológicos. Todos os direitos reservados à Oficina de Textos)
A formação de líquidos de anatexia apresenta dois fatores limitantes: a natureza das rochas transformadas e o grau de hidratação. O teor de água facilita a fusão da mistura. A água provém da desidratação de minerais, como a biotita ou minerais de alteração, de circulações ligadas à fratura (metamorfismo hidrotermal) ou da desidratação de rochas hidratadas.
Para saber mais
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