Erosão dos solos e deslizamento: diagnóstico

Perguntamos ao professor da UFRJ Antônio Guerra: como fazer o diagnóstico da erosão dos solos e de um deslizamento? Segundo ele, a primeira característica muito importante é identificar se é um processo erosivo acelerado ou se é um movimento de massa, um deslizamento.

Geralmente as feições erosivas, as voçorocas, são mais profundas e dão em áreas onde o solo é mais profundo. Elas podem ter uma forma parecida com uma pera ou coração, e ser formadas pelo escoamento superficial e/ou sub superficial, enquanto os movimentos de massa tendem a ocorrer em áreas mais íngremes, sendo mais longos, mais rasos e mais estreitos. Então, se nós conseguirmos identificar qual é o tipo de uma feição ou outra, já é meio caminho andado.

Foto de um homem parado dentro de uma voçoroca com fundo arenoso.

Voçoroca com fundo arenoso em Sorriso (MT) (Fonte: Antonio Guerra. Todos os direitos reservados)

Foto de um deslizamento vertical num morro da estrada Rio-Santos, sem diagnóstico. À direita, um carro passando.

Deslizamento translacional na Rio-Santos (Ubatuba-SP) (Imagem retirada do livro Processos Erosivos e recuperação de áreas degradadas, publicado pela Oficina de Textos. Todos os direitos reservados)

Após levar em consideração a declividade, as propriedades físicas dos solos, a forma das encostas, se é mais côncava, convexa ou retilínea, temos que identificar também qual o tipo de uso e manejo que deu origem àquela feição, identificar qual o tipo de uso que existe no entorno da feição erosiva ou da cicatriz de movimento de massa, e muitas vezes até a população tem que ser removida para outras áreas.

Qual a importância do prognóstico?

Segundo o prof. Guerra, “nós podemos usar técnicas de geoprocessamento, tanto gratuitas como pagas, mas, novamente, sabendo dar o peso adequado a cada um dos fatores que causam esse processo erosivo”. Temos que levar em consideração uma série de variáveis, a declividade sendo uma delas, além das propriedades químicas e físicas, o uso do manejo e a forma da encosta.

Com esse diagnóstico, consegue-se fazer um prognóstico chamado de mapa de risco. Com essa informação, pode-se definir melhor o planejamento urbano ou rural, determinando qual área pode ser ocupada e qual tipo de ocupação, evitando, consequentemente, mortes e perda de bens materiais.


Para saber mais

Para mais detalhes sobre o assunto, leia o livro Processos erosivos e recuperação de áreas degradadas, organizado por Antonio Guerra e Maria do Carmo Oliveira Jorge.

A obra aborda aspectos relacionados à erosão acelerada dos solos e aos movimentos de massa, dando subsídios para seu estudo, controle e prevenção. Amplamente ilustrada e com exemplos práticos nacionais e internacionais, a obra discute temas como Bioengenharia, geotecnologias, erosão costeira e fatores antrópicos e climáticos nos processos geomórficos.

Capa de Processos erosivos e recuperação de áreas degradadas.

Sobre Antonio Guerra: geógrafo pela UFRJ, com doutorado pela Universidade de Londres e pós-doutorado pelas Universidades de Oxford e Wolverhampton. Atualmente, Antonio Guerra é professor titular do Departamento de Geografia da UFRJ, onde coordena o Laboratório de Geomorfologia Ambiental e Degradação dos Solos (LAGESOLOS). É também Pesquisador 1A do CNPq, tendo publicado mais de 100 artigos em periódicos nacionais e internacionais, bem como organizou e publicou 22 livros, sendo diversos deles, na temática relativa à recuperação de áreas degradadas.

Até hoje Antonio Guerra já orientou quase 50 pós-graduandos, incluindo mestrandos e doutorandos. Possui convênios com instituições e órgãos nacionais e internacionais, todos relacionados a temas ambientais.